Até quando deixar que a criança durma no quarto dos pais?

Até quando deixar que a criança durma no quarto dos pais?

A princípio pode até parecer um ato de proteção e amor, mas não é. Colocar o bebê para dormir na cama dos pais é errado e oferece grande perigo para os pequenos. A prática é condenada por pediatras, psicopedagogos e pela Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP). Mesmo assim, pais de todo o mundo continuam colocando seus bebês para dormir na cama com eles, seja por insegurança, preguiça de ensinar, pelo cansaço ao final do dia ou simplesmente pela praticidade. Há ainda alguns pais que não chegam ao extremo de levar os filhos para a própria cama, mas também não conseguem colocá-los para dormir no quartinho preparado exclusivamente para ele. 

Alguns pais permitem que o bebê durma na cama com eles como uma forma de compansá-los pelas longas horas em que estiveram deparados durante o dia. Mas nem mesmo isso deve servir para justificar a atitude. "Dividir momentos bem juntinhos na cama pode ser, sim, um modo de se conectar mais ao bebê, principalmente após um dia longo de separação. No entanto, use esse tempo para conversar, ler, cantar, ouvir música, massagear, olhar, assistir algo e interagir com o bebê. E, na hora de dormir, é cada um na sua cama!", orienta a psicopedagoga Larissa Fonseca. 

Deixar a criança sozinha no quarto ao lado pode ser bastante difícil, principalmente para as mães, que se sentem inseguras em manter seus bebês à distância (ainda que pequena). Mas, por mais que seja difícil colocá-los para dormir sozinhos no berço, esta ainda é a melhor alternativa para a segurança e para a qualidade do sono deles. 

Esclareça a seguir as dúvidas mais comuns que papais e mamães têm sobre o tema, e confira o que dizem especialistas em educação infantil. Você vai perceber que com um pouco de esforço e desprendimento, dá para habituar o bebê a dormir no seu próprio espaço sem grandes traumas. 

1. Quais os riscos para o bebê ao dividir a cama com os pais? 

Um adulto cansado pode movimentar braços e pernas involuntariamente, machucando o bebê. Além disso, pode rolar por cima do pequeno ou empurrá-lo. Sem falar do perigo de cordões nos pijamas e bijuterias, com os quais a criança pode se machucar. Para o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, os pais devem ter em mente que, "ao cair em sono profundo, ninguém tem controle total sobre os movimentos do corpo e, por isso, dormir com o bebê significa colocar a criança em risco". 

2. Bebês que dividem a cama com os pais serão crianças mais dependentes e inseguras? 

Segundo especialistas, dividir a cama com os pais pode causar alguns danos ao desenvolvimento emocional dos pequenos ao limitar a autonomia do bebê e aumentar sua dependência. Mas, o pediatra Marcelo Reibscheid defende que essa dependência só se refere à hora de deitar na cama, sem influenciar nas demais decisões do pequeno. 

3. Quais são os prejuízos para o relacionamento do casal levando o bebê para a cama deles? 

"É muito importante lembrar que, mesmo com a chegada do bebê, os pais ainda são um casal que deve manter sua intimidade e momentos a sós. Ter um bebê na cama, além de limitar as possibilidades de intimidades do casal, também pode prejudicar o descanso dos pais e diminuir as demonstrações de carinho - o que pode acabar afastando o casal. Dormir com os pais deve ser uma exceção e não uma regra, tanto pela saúde do casal quanto pela saúde e descanso do pai, da mãe e do próprio bebê", ensina Larissa. 

4. Até quando o bebê deve permanecer no quarto dos pais? 

Até o momento em que os pais tiverem segurança para deixar o pequeno no seu próprio cantinho. Muitas vezes, quando o recém-nascido chega em casa, a mãe, em especial, se sente mais tranquila em tê-lo próximo de si. Daí, acaba colocando o berço no quarto do casal. O contato direto entre mãe e filho, que durou cerca de nove meses, leva um tempo até ser quebrado: o bebê vai aos poucos se adaptando ao meio, e a mãe se restabelecendo e se reestruturando psicologicamente para se acostumar à identidade materna. Para a psicóloga Célia Maria de Souza Terra, caso os pais insistem em ter os recém-nascidos por perto, um mês é o suficiente. Depois disso ela aconselha já levar a criança para o próprio espaço. Lembre-se que quanto mais velha a criança fica, mais difícil esse momento se torna. Isso porque o pequeno se acostuma com a presença do adulto para conseguir pegar no sono. 

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5. Qual a melhor forma de tirar o bebê da cama ou do quarto dos pais e acostumá-lo a dormir no berço? 

Em primeiro lugar, os pais devem estar decididos de que o bebê passará a dormir no berço para que, nos períodos de exaustão, nenhum dos dois queira voltar atrás. "Inicie o processo gradualmente, montando um quarto aconchegante, levando o bebê para o berço e criando um ritual, como contar uma história ou cantarolar algumas canções de ninar, sentado em uma cadeira ao lado do berço. Fique lá até a criança adormecer", ensina Larissa. "Com o passar dos dias, comece a se afastar do berço e diminuir o toque, até que o bebê esteja pronto e condicionado a ir para o berço ainda acordado e sem esta dependência da presença ou contato físico", concorda Reibscheid. Por fim, providencie um objeto de transição, como fralda, paninho ou bicho de pelúcia. "Se a criança não estiver acostumada a dormir no escuro, deixe também alguma luz fraca acesa, por perto, ou até mesmo aquelas de tomada. Depois, basta ter paciência e persistência que o pequeno logo se acostuma", finaliza. 

5. Como acostumar a criança ao seu próprio quarto? 

Não existe uma receita pré-formulada para que o pequeno passe a dormir no próprio quarto, mas algumas dicas são válidas: 

 Se um bebê que dorme no carrinho ao lado da cama dos pais, é interessante fazer com que ele continue no carrinho no seu próprio quarto por algumas semanas para que, então, se inicie a transferência para o berço. O recém-nascido necessita de uma rotina e mudanças constantes podem causar estresse e ansiedade. Durante o processo, é necessário que exista uma hora certa para dormir e que se converse com o bebê: ele entende muito mais do que se acredita. 

 Bichinhos de pelúcia podem se tornar companheiros da hora de dormir, o que é positivo, já que a criança passa a se sentir acompanhada a noite toda, mesmo quando os pais não estão por perto. 

  Tornar o quarto da criança um ambiente acolhedor e agradável aumenta as chances de que ela queira ficar lá naturalmente e por escolha própria. 

 Se preciso, vale ficar com a criança no quarto até que ela durma, mas depois é importante deixá-la sozinha. 

 Todo esse processo de transição tem de ocorrer de forma gradativa. É comum que o bebê venha a chorar – e ocasionalmente até berrar – nos primeiros dias, mas não se deve retroceder no processo: recomenda-se que os pais entrem no quarto, o acalmem e voltem a colocá-lo no berço, sempre com tranquilidade. Lembre-se que, por mais difícil que seja, limites são elementos fundamentais na educação de uma criança, além disso, são definidores de personalidade. 

8. Quando abrir exceções? 

Abrir exceções vai de acordo com a estratégia dos pais, mas geralmente as crianças pedem para dormir com eles quando estão doentes, assustadas por causa de sonhos, inseguras, com medo do bicho-papão. Às vezes, vale entrar na fantasia da criança, como exemplifica a psicóloga Isis Pupo: no caso de medo do bicho-papão, em vez de dizer que ele não existe, é válido lutar com a criança contra ele, seja com uma guerra de travesseiros, seja com uma ligação para os pais do monstro para que eles o coloquem de castigo. (Fonte: bebe.com.br e Baby Center Brasil)